Dr. Leonardo Pancini foi destaque na mídia no inicio do mês de agosto de 2020 devido a uma cirurgia de reimplante de polegar realizada por ele e por seu colega de trabalho Dr. Guilherme Amariz no Hospital Estadual Antônio Bezerra de Farias, em Vila Velha-ES.
Essa cirurgia é bastante incomum em nosso Estado por não existir um serviço de referência em reimplantes como existe em outros estados, como São Paulo, por exemplo.
O procedimento cirúrgico é bastante complexo, demorado e depende de uma estrutura hospitalar mínima, ou seja, um microscópio cirúrgico, instrumental de microcirurgia vascular, fios cirúrgicos específicos, e o principal, uma equipe de cirurgiões treinados para realizar tal procedimento.
O paciente chegou ao hospital cerca de 2 horas após o acidente levando o dedo amputado devidamente acondicionado. “A ferramenta era nova, usava pela segunda vez. Estava fazendo um serviço e ela ricocheteou e cortou o meu dedo. Senti uma dor e uma queimação muito fortes. Peguei o dedo, coloquei numa sacola com gelo e fui para o hospital. Quando os médicos disseram que podiam reimplantar fiquei esperançoso” ( Marcos de Freitas, Fonte: Jornal A Gazeta 06/08/2020).
Os acidentes com serras circulares, especialmente os com as elétricas móveis, como por exemplo o da marca Makita, muito conhecida, são muito comuns. É frequente o uso desses equipamentos para cortar madeira, e isso é a principal causa dos acidentes, visto que essas máquinas não são destinadas para esse fim. Na verdade, devem ser usadas para cortar cerâmica. As serras para madeira devem ser fixas, evitando assim acidentes quanto muda-se a textura do material cortado, como, por exemplo, acontece com a madeira.
No caso do paciente citado, o dedo foi levado em tempo hábil e conservado de forma correta. Para amputação de dedos, o ideal é que se lave o coto de amputação (dedo amputado) com soro fisiológico, o envolva em uma compressa limpa e úmida com soro e o coloque dentro de um saco plástico. Esse saco, então, é colocado em um recipiente contendo água e gelo (caixa térmica, de preferência) para que ele se mantenha resfriado a uma temperatura não menos que 4º C, de modo a não congelar, o que impossibilitaria o reimplante.
Quanto ao tempo entre o acidente e o reimplante, para dedos, nos caos resfriados de forma correta (Isquemia fria), pode-se aguardar até no máximo 12-24 horas. Porém, o ideal é reestabelecer o fluxo sanguíneo o mais rápido possível. Quando o dedo não é conservado de forma correta (Isquemia quente), o tempo máximo que ele “suporta” é de 3-6 horas. Portanto, o acondicionamento correto é uma das medidas mais importantes para o sucesso do reimplante.
Em relação a parte que fica no paciente, não se deve pinçar os vasos, nem ligar ou amarrar, pois pode lesioná-los e prejudicar as microanastomoses que serão realizadas no reimplante.